por Marcos Pinto.
O relato histórico é sem limites de extensão. As ramificações, os
pormenores e as especulações são infinitos. Os limites do discurso histórico
são os documentos oficiais. Mas na interpretação e na interligação dos
documentos, há manancial de documentos históricos que tutelam a afirmativa de
que Apodi ainda tem muito a ser pesquisado, sobretudo nos velhos inventários e
Cartas de Datas de sesmarias, além de processos de demarcação e divisão das
terras que compõem a área territorial do município, constantes do arquivo morto
do 1º Cartório Judiciário de Apodi.
A cronologia seiscentista e setecentista do Apodi nos dá a certeza de
que este rincão era o polo irradiador dos fatos que norteiam os horizontes
econômicos, políticos e sociais na região Oeste do estado. Vejamos a síntese cronológica:
1680 - Em 19 de Abril
deste ano o Capitão-Mór da então Capitania do Rio Grande concedia a MANOEL
NOGUEIRA e sua família as datas de sesmaria requeridas. No dia 16 de Outubro
deste mesmo ano a família NOGUEIRA se instalou ao sul da lagoa, no lugar conhecido
como "Lagoa do Cajueiro".
1682 - Em data de 12
de Fevereiro o Governador-Geral da Bahia Roque da Costa Barreto expede CARTA DE
CONFIRMAÇÃO DAS DATAS DE SESMARIAS concedidas aos irmãos MANOEL NOGUEIRA e JOÃO
NOGUEIRA.
1684 - MATHIAS
NOGUEIRA, patriarca da família Nogueira, comprou a "DATA DA LAGOA DO
APANHA-PEIXE" ao Alferes Gonçalo Pires de Gusmão, que não suportou o
ataque dos índios Payins.
1685 - A família
NOGUEIRA, acossada pela indiada tapuia Paiacus, retorna à sua terra de origem,
cidade de N. Sra. das Neves, atual cidade de João Pessoa-PB, em busca de
recursos a fim de darem continuidade aos trabalhos de exploração do novo
território.
1688 - Em 09 de
Agosto o Sr. MATHIAS NOGUEIRA e seus filhos João Nogueira e Balthazar,
acompanhados de seus escravos, deram combates aos Payins, na margem da lagoa do
"Apanha-Peixe", em batalha memorável. Os Payins aliados aos tapuias
Paiacus, tendo por chefe o guerreiro ITAÚ bateram os Nogueiras, que fugiram
vergonhosamente para o Jaguaribe, deixando mortos no campo da batalha os bravos
João Nogueira e Balthazar Nogueira. Queixando-se os Nogueiras ao governo,
mandou o Capitão-Mór do Rio Grande Paschoal Gonçalves de Carvalho, neste mesmo
ano, o Ouvidor MARINHO retirar os índios Payins e seus agregados CABORÉS e
ICOSINHOS, do "Apanha-Peixe" para a lagoa do Itaú (É a mesma lagoa de
Apodi) onde vilou-os com os Paiacus.
1700 - No memorável
dia 10 de Janeiro os padres jesuítas PHILIPE BOUREL e JOÃO GUINCEL fundam a
ALDEIA DO LAGO PODY, primeira denominação de APODI, que já contava com 600
habitantes.
1701 - O bravo MANOEL
NOGUEIRA realiza trabalhos de alinhamento do povoado, no lugar denominado
"Outeiro ou Tapera", dentro da légua em quadro demarcada e gravada
para os índios, sofrendo por isso, embargo dos ROCHA PITA.
1703 - Tem início a
célebre QUESTÃO DE TERRAS entre Manoel Nogueira e o sesmeiro baiano Antonio da
Rocha Pita.
1706 - No dia 20 de
Junho o destemido MANOEL NOGUEIRA abandona seus currais de gado, após ter
assentado as primeiras bases de civilização. Passou a residir na região
Jaguaribana, no Ceará. Nesse mesmo ano teve Manoel Nogueira sentença a seu
favor, na questão das terras, tendo Antonio da Rocha Pita apelado para as
Cortes de Lisboa.
1709 - Em data de 15
de Maio faleceu na então ALDEIA DO LAGO PODY o venerando padre Jesuíta PHILIPE
BOUREL.
1715 - A 17 de
Janeiro falece em sua fazenda "Outeiro", que é o atual "QUADRO
DA RUA", o indômito Entradista MANOEL NOGUEIRA, deixando a viúva D.
Antonia de Oliveira Corrêia e filhos.
1761 - No dia 12 de
Junho os índios tapuias são transferidos para a Serra do Regente, que depois
passaria a ser denominada de Serra de Portalegre, comandados pelo Juiz Miguel
Carlos Caldeira de Pina Castelo Branco.
1766 - Em 03 de
Fevereiro foi criada a Freguesia das Várzeas do Apodi (Paróquia), tendo como
primeiro Padre o pernambucano de Recife Reverendo JOÃO DA CUNHA PAIVA. A
paróquia de Apodi foi desmembrada da de Pau dos Ferros.
FONTE: Artigo do
Historiador NONATO MOTA, com o título "NOTAS HISTÓRICAS", publicadas
no jornal "COMMÉRCIO DE MOSSORÓ", edição de 12.07.1914).
*Marcos Pinto, Advogado e
Presidente da Academia Apodiense de Letras - AAPOL.
Um comentário:
Advogado? Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
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