domingo, 29 de maio de 2016

Cronologia apodiense dos séculos XVIII e XIX

por Marcos Pinto.

O relato histórico é sem limites de extensão. As ramificações, os pormenores e as especulações são infinitos. Os limites do discurso histórico são os documentos oficiais. Mas na interpretação e na interligação dos documentos, há manancial de documentos históricos que tutelam a afirmativa de que Apodi ainda tem muito a ser pesquisado, sobretudo nos velhos inventários e Cartas de Datas de sesmarias, além de processos de demarcação e divisão das terras que compõem a área territorial do município, constantes do arquivo morto do 1º Cartório Judiciário de Apodi.

A cronologia seiscentista e setecentista do Apodi nos dá a certeza de que este rincão era o polo irradiador dos fatos que norteiam os horizontes econômicos, políticos e sociais na região Oeste do estado. Vejamos a síntese cronológica:

1680 - Em 19 de Abril deste ano o Capitão-Mór da então Capitania do Rio Grande concedia a MANOEL NOGUEIRA e sua família as datas de sesmaria requeridas. No dia 16 de Outubro deste mesmo ano a família NOGUEIRA se instalou ao sul da lagoa, no lugar conhecido como "Lagoa do Cajueiro".

1682 - Em data de 12 de Fevereiro o Governador-Geral da Bahia Roque da Costa Barreto expede CARTA DE CONFIRMAÇÃO DAS DATAS DE SESMARIAS concedidas aos irmãos MANOEL NOGUEIRA e JOÃO NOGUEIRA.

1684 - MATHIAS NOGUEIRA, patriarca da família Nogueira, comprou a "DATA DA LAGOA DO APANHA-PEIXE" ao Alferes Gonçalo Pires de Gusmão, que não suportou o ataque dos índios Payins.

1685 - A família NOGUEIRA, acossada pela indiada tapuia Paiacus, retorna à sua terra de origem, cidade de N. Sra. das Neves, atual cidade de João Pessoa-PB, em busca de recursos a fim de darem continuidade aos trabalhos de exploração do novo território.

1688 - Em 09 de Agosto o Sr. MATHIAS NOGUEIRA e seus filhos João Nogueira e Balthazar, acompanhados de seus escravos, deram combates aos Payins, na margem da lagoa do "Apanha-Peixe", em batalha memorável. Os Payins aliados aos tapuias Paiacus, tendo por chefe o guerreiro ITAÚ bateram os Nogueiras, que fugiram vergonhosamente para o Jaguaribe, deixando mortos no campo da batalha os bravos João Nogueira e Balthazar Nogueira. Queixando-se os Nogueiras ao governo, mandou o Capitão-Mór do Rio Grande Paschoal Gonçalves de Carvalho, neste mesmo ano, o Ouvidor MARINHO retirar os índios Payins e seus agregados CABORÉS e ICOSINHOS, do "Apanha-Peixe" para a lagoa do Itaú (É a mesma lagoa de Apodi) onde vilou-os com os Paiacus.

1700 - No memorável dia 10 de Janeiro os padres jesuítas PHILIPE BOUREL e JOÃO GUINCEL fundam a ALDEIA DO LAGO PODY, primeira denominação de APODI, que já contava com 600 habitantes.

1701 - O bravo MANOEL NOGUEIRA realiza trabalhos de alinhamento do povoado, no lugar denominado "Outeiro ou Tapera", dentro da légua em quadro demarcada e gravada para os índios, sofrendo por isso, embargo dos ROCHA PITA.

1703 - Tem início a célebre QUESTÃO DE TERRAS entre Manoel Nogueira e o sesmeiro baiano Antonio da Rocha Pita.

1706 - No dia 20 de Junho o destemido MANOEL NOGUEIRA abandona seus currais de gado, após ter assentado as primeiras bases de civilização. Passou a residir na região Jaguaribana, no Ceará. Nesse mesmo ano teve Manoel Nogueira sentença a seu favor, na questão das terras, tendo Antonio da Rocha Pita apelado para as Cortes de Lisboa.

1709 - Em data de 15 de Maio faleceu na então ALDEIA DO LAGO PODY o venerando padre Jesuíta PHILIPE BOUREL.

1715 - A 17 de Janeiro falece em sua fazenda "Outeiro", que é o atual "QUADRO DA RUA", o indômito Entradista MANOEL NOGUEIRA, deixando a viúva D. Antonia de Oliveira Corrêia e filhos.

1761 - No dia 12 de Junho os índios tapuias são transferidos para a Serra do Regente, que depois passaria a ser denominada de Serra de Portalegre, comandados pelo Juiz Miguel Carlos Caldeira de Pina Castelo Branco.

1766 - Em 03 de Fevereiro foi criada a Freguesia das Várzeas do Apodi (Paróquia), tendo como primeiro Padre o pernambucano de Recife Reverendo JOÃO DA CUNHA PAIVA. A paróquia de Apodi foi desmembrada da de Pau dos Ferros.

FONTE: Artigo do Historiador NONATO MOTA, com o título "NOTAS HISTÓRICAS", publicadas no jornal "COMMÉRCIO DE MOSSORÓ", edição de 12.07.1914).

*Marcos Pinto, Advogado e Presidente da Academia Apodiense de Letras - AAPOL.

Um comentário:

Anônimo disse...

Advogado? Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk