Por
Marcos Pinto.
Os anais
do tempo proclamam que uma cidade sem
memória é uma cidade sem alma. Para
que Apodi não seja inserido nesse cenário
contextual, o celebrado autor conterrâneo envidou
por imensurável trabalho de resgate de fatos,
homens e mulheres que deixaram marcas na
história da cidade e do município, e que
ainda se encontravam na faixa silente
do anonimato e do esquecimento. A relevância
dos fatos elencados neste transcendental
trabalho de cunho histórico foram objeto de
profunda identidade sentimental do autor
com fatos presentes nos liames do
pretérito.
Antiga feira livre de Apodi, lá atrás você pode observar o "barracão" municipal |
A
contagiante leitura desta memorável obra
arremete-nos para os luminosos raios da
retina da saudade. colocando-nos muito bem
acomodados na janela do tempo, de
onde assistimos a procissão de fatos
ocorridos há mais de meio século, e
que até hoje compõem a coreografia
das lembranças marcantes. A narrativa feita
com precisão cirúrgica evidencia no autor o
domínio pelo perfeito sentido de ter vivido
a plenitude da Apodi provinciana, pacata e
hospitaleira. Imprimia-se em seu cotidiano uma
espécie de viver contagiante e fervoroso,
onde o tempo passava em conta-gotas, numa calmaria
transcendentalizante. Em nosso amado Apodi, pecamos
por fazer valer a máxima de que
"santo de casa não obra
milagres". Nunca atribuímos o real valor
ao nosso vasto rol de talentos
artísticos e culturais. Os colégios
instalados no município promovem eventos
anuais dedicados ao folclore nordestino, deixando
no esquecimento o brilhante folclorista
apodiense José Martins de Vasconcelos,
celebrado pelo renomado folclorista Luiz da
Câmara Cascudo, que evocou a lendária figura
folclórica criada por Martins de
Vasconcelos, de nome Labatut. Esse personagem
folclórico foi resgatado de forma louvável
pelo nosso historiador e memorialista
Nuremberg Ferreira de Souza, que é o
mesmo admirável amigo Nurim de Burgue
Dentista, dos meus dias de infância.
Há um
solene perlustrar pelas evocações de homens
que marcaram épocas em suas atividades
profissionais, cadenciados no meio da serenidade
onde habitam os sensatos. O cenário
assume contornos em cores vivas, ressurgindo das
brumas do tempo, como num passe de
mágica. Eis que surge a exponencial figura
do fotógrafo Antonio Flor, sucedido nesse
ofício por seu irmão João de Maria
Flor. Nesse estuário de reminiscência
aflora a abnegada professora polivalente
Antonia Filgueira, a lecionar para o menino
de notável inteligência Francisco de
Holanda Cavalcanti (Nenen Holanda), que foi
eleito prefeito do Apodi no ano de
1948. As imagens cotidianas são novamente
visualizadas nas páginas deste enlevante
livro, ressurgindo na esquina do tempo a
nossa antiga Usina de Força e Luz,
destacando os que a faziam funcionar
no período noturno, sobressaindo-se as pessoas
de sêo Raimundo da Luz e Felipe
da Usina e seu filho João de Felipe.
A coreografia das reminiscências evoca, ainda, o
desenrolar das atividades das mercearias e
lojas de tecidos instaladas no famoso e
antigo "Quarteirão de sêo Luquinhas",
destacando-se a mercearia de sêo Aurino
Gurgel, homem sisudo e metódico. E assim
o nosso erudito e incansável autor vai
somando os dias do tempo e contando
os dias de vida. Apodi está de
parabéns por tão relevante obra, que nos
sublima como um RETRATO DE SAUDADES.
Marcos Pinto - é advogado, escritor e historiador.
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