Por Marcos Pinto.
Há um longo
abismo com portas abertas estigmatizando momentos agudos, ocultos por densa
cortina de feição pecaminosa, cravando o peso de uma âncora no peito. O surto
de laivos do pecado impõe o repensar de tantas lutas e lutos, que deixaram
inconfundíveis pegadas no território do tempo. Não há como escapar das asas
negras do infortúnio a gravitar sobre as paralelas do imutável.
Há como que um voraz embate entre a concretude do ingente pecado e o momento impondo sobre os pecadores uma noite que teima em se dilatar ao máximo.
Há como que um voraz embate entre a concretude do ingente pecado e o momento impondo sobre os pecadores uma noite que teima em se dilatar ao máximo.
Acumula-se,
assim, a dimensão do sofrimento que proclama e reclama um perdão antecipado.
Delineia-se um cansaço espiritual, como se o pensamento estivesse sentado na
soleira do indubitável tempo.
No começo das
tentações dos pecados da carne, assoma um silêncio farejando o céu das
interrogações, arrastando ao mesmo tempo para o desabafo das confissões as
pesadas sandálias dos mistérios dolorosos.
Arrastar pecados
sem a certeza do perdão é como um calçar sandálias de chumbo e caminhar em transe
merencório para a abissal profundeza do autoextermínio. Quando um sonho é
grande demais e assume contornos de pecado, é preferível morrer com ele a
deixar que ele morra sozinho, sem o bálsamo do perdão. Não raro, todo pecado
traz consigo a gula por um perdão. Não existe perdão sem esquecimento.
De nada adianta simular perdão quando o coração e a mente estão regurgitando ódio e vindita. Nunca se deve implorar perdão utilizando-se de meias verdades que criam e condicionam direções. O singular gesto do perdão revela um misterioso e miraculoso estado do espírito, imerso em solene e sepulcral silêncio. Simulacros de perdões não podem e nem ser vistos e lembrados como verdade imperiosa.
De nada adianta simular perdão quando o coração e a mente estão regurgitando ódio e vindita. Nunca se deve implorar perdão utilizando-se de meias verdades que criam e condicionam direções. O singular gesto do perdão revela um misterioso e miraculoso estado do espírito, imerso em solene e sepulcral silêncio. Simulacros de perdões não podem e nem ser vistos e lembrados como verdade imperiosa.
Os pecadores sempre trazem a detestável ostentação do supérfluo a pequenez do espírito, a falta de escrúpulos acolitada por arrogância desmedida e deslavada. Há pecados prolongados e perdões retardados.
Quantas vezes deixamos que o orgulho se sobreponha sobre a necessidade do perdão. E quando aquele que deveria ter sido perdoado falece, o devedor do perdão deixa transparecer um arrependimento tardio e sem jeito.
Quando a alma é nobre o perdão revela foros de celeridade. Existem pecados involuntários e voluntariosos. Às vezes, cometemos pecados mortais sem a mínima preocupação com o merecimento do imprescindível perdão. Assombra-nos o pensamento em seus contornos imprecisos.
O pecado
representa uma sombra, projetando os espectros da alma, esquálidos,
esvoaçantes, como folhas secas ao sabor do vento. O perdão verdadeiro enfeita a
árvore da vida.Perdoemos, pois,
antes que seja noite.
Inté.
Inté.
Marcos Pinto - é advogado, escritor e historiador.
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