segunda-feira, 31 de julho de 2017

Emergência policial na grande Natal

Por Erick, O Caçador

Foto: Blog do Jair Sampaio
Hora qualquer, em plena luz do dia, Natal/RN. Uma cidadã tem seu automóvel tomado de assalto, na porta de sua casa, numa das principais avenidas da cidade. Cerca de 30 veículos são roubados diariamente em Natal, em média. Nervosa, a vítima liga para o número de emergência policial (190), buscando socorro. Infelizmente para ela, ter uma ligação atendida de pronto no Disk Emergência é um fato raro: há poucos teleatendentes e o sistema é sobrecarregado, há tempos. Ela não tem sucesso, após várias tentativas. Caso a vítima tivesse sido atendida, uma situação comum seria a de não ser contemplada com a visita de uma viatura de polícia no local do crime: é que não há guarnições policiais em número suficiente para cobrir a demanda crescente da insegurança. Com a vantagem da falta de prevenção ou reação policial imediata, os criminosos se dão bem outra vez.

A situação ficcional acima descrita se repete rotineiramente, com variantes, na vida real da população da chamada Grande Natal - o conglomerado de nove municípios, incluindo a Capital do Estado, que deveria ser a referência de Segurança Pública para o Rio Grande do Norte. De fato, na maior parte do interior o atendimento de Emergência Policial simplesmente não existe, o que quer dizer que realmente sua situação é pior, proporcionalmente.

Há outros dados ligados às emergências policiais na Grande Natal:
  • As estatísticas de violência subiram 232% em dez anos, no RN. A locomotiva dessa explosão criminal é a Grande Natal;
  • Todos os batalhões de Polícia Militar (policiamento ostensivo) sediados na Grande Natal operam, atualmente, com menos de 50% do efetivo previsto;
  • Há uma deficiência de pessoal tão grande que é comum uma viatura de Polícia ser mobiliada por apenas dois guerreiros;
  • Faltam viaturas policiais no serviço. Uma única guarnição de serviço pode ficar responsável por uma cidade inteira, ou por um conjunto de bairros habitados por dezenas de milhares de pessoas. A falta de gasolina reduz o patrulhamento normal, principalmente nas horas noturnas;
  • Quando uma guarnição de Polícia Militar prende um criminoso e o conduz a uma Delegacia de Polícia Civil, o procedimento legal devido leva horas para ser concluído, deixando, não raro, a única viatura da área indisponível para novas emergências;
  • A Polícia Civil do RN opera com menos de 25% do efetivo previsto (com o agravante de que seu quadro de pessoal foi feito nos anos 80, dentro da previsão do necessário para aquela época). Além de pessoal, há carência de instalações adequadas e de material de informática, entre outras carências;
  • Após as 18:00H, apenas duas Delegacias de Polícia Civil funcionam na Grande Natal: a Central de Flagrantes ( Plantão Zona Sul) e a Plantão Zona Norte. Essa também é a situação nos fins de semana e feriados;
  • Mesmo com todas as dificuldades, as Polícias prendem centenas de criminosos, mensalmente. As prisões ocorridas em resposta a situações com andamento em tempo real (emergências policiais) são parcela significativa dessas prisões;
  • Cerca de metade dos criminosos presos em flagrante pela Polícia Militar em atendimento de emergência, e devidamente autuados pela Polícia Civil, são soltos em 24 horas pela Justiça, nas famigeradas Audiências de Custódia. A polícia prende, a Justiça solta, e o bandido desconta na população, quando volta;
  • Atuação de grupos de extermínio e tortura de seres humanos são uma realidade - tudo obra das Facções Criminosas. Os homicídios batem recordes sucessivos, latrocínios proliferam e a moda dos "arrastões" em residências com amarra e espancamento das famílias (vítimas) não comovem as autoridades, nem as entidades de Direitos Humanos;
  • Dada precariedade da Segurança Pública na Capital do Estado, a Facção Criminosa Sindicato do Crime do RN anunciou que está fazendo o papel de Polícia e de Poder Judiciário em várias regiões - aplicando seu próprio sistema de Leis e cobrando taxas da população (impostos).

Esses são alguns fatos da Emergência Policial por que passa a Grande Natal.

Erick Guerra, O Caçador

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