Enquanto perdoam 'peixes grandes' envolvidos em
escândalos de corrupção, os partidos promovem desligamentos em massa por conta
de disputa política
VEJA - Da Redação
Preso desde outubro de 2016, o ex-presidente da Câmara Eduardo
Cunha se mantém filiado ao PMDB, partido que mais expulsou (Guilherme
Artigas/Fotoarena/Agência o Globo)
Os partidos políticos brasileiros
fazem uma espécie de “limpa” em seus quadros, com expulsões de centenas e até
milhares de filiados, de tempos em tempos. Diferentemente do que se pode
pensar, essas ondas de expulsão nada têm a ver com escândalos de corrupção ou
investigações criminais. Similares em todas as legendas, o que as explica é
algo mais prosaico: disputas locais pelo controle da máquina partidária em anos
próximos a eleições municipais.
Do total de expulsões, só 1% (541) pertence à elite
política que conquistou mandatos para cargos municipais, estaduais ou mesmo
federais. O levantamento não encontrou nenhum senador, governador ou presidente
da República, mas foram localizados 471 vereadores, 59 prefeitos e 11 deputados
estaduais que sofreram a mais alta sanção dos partidos pelos quais foram
eleitos.
Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que todos os
partidos existentes e extintos fizeram 64 mil operações de expulsão desde 2007.
Elite
Desde o começo da Operação Lava Jato, os ditos
“peixes grandes” ficaram mais em evidência. As listas dos ministros Teori
Zavascki, morto neste ano, e Edson Fachin, relatores da força-tarefa,
autorizaram a investigação de 49 e 63 parlamentares, respectivamente.
Também pela Lava Jato, encontram-se presos o ex-ministro
Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Enquanto eles continuam no PMDB, em 2013, um pedido de prisão expedido pelo
Supremo Tribunal Federal (STF) levou à expulsão de Natan Donadon. Ele foi
condenado a 13 anos em regime fechado pelos crimes de peculato e formação de
quadrilha, acusado de desviar recursos da Assembleia Legislativa de Rondônia,
quando a presidiu entre 1995 e 1999. Apesar de poupar grandes lideranças, a
sigla que mais expulsou foi o próprio PMDB, com 8.350.
Proporcionalmente, o PSB foi o que mais expulsou,
atingindo, em 2016, uma taxa de 171 a cada 100 mil filiados.
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