Por Josivan Barbosa
Inúmeras são as vezes que escutei de pessoas ligadas
politicamente e contrárias ao governo de Robinson Faria (PSD) que ele perdeu
uma oportunidade de ouro para fazer grandes mudanças na gestão do Estado do RN,
tornando-o uma máquina eficiente e fazendo o seu nome na história política
local.
Foi eleito contra todas as forças políticas tradicionais
e logo de cara passou a contar com expressivo apoio da Assembleia Legislativa e
de outras corporações tradicionais.
Poderia, por exemplo, bater de frente contra o excessivo
quadro de servidores comissionados do Poder Legislativo Estadual bem como das
outras instituições que consomem o dinheiro público sem que este chegue ao
destino com mais cidadania, como a saúde, a educação e a segurança pública.
Robinson fora do jogo II
Outro grande problema do governo Robinson Faria foi
acreditar que em Brasília tudo poderia ser articulado para que o Governo Federal
pudesse, sempre que necessário, socorrer o RN sem sorte. Puro engano.
Faltou-lhe a percepção de que administrava um Estado onde a força política
representa menos da metade do vizinho Ceará e um oitavo de Estados fortes como
o Rio de Janeiro e São Paulo.
Basta comparar o tratamento que recebeu o RN sem sorte em
comparação com os estados quebrados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.
Esta situação de falta de articulação política em BSB chegou ao extremo, ao
ponto do ministro do Planejamento dizer na última segunda-feira, em entrevista
ao Valor Econômico, que não está preparando nenhuma ação relativa aos Estados e
que o caso do RN deixou muito claro a dificuldade e as limitações que o
Executivo tem.
Assim, respondeu o ministro Diogo de Oliveira, quando ao
invés de viabilizar o repasse de recursos, como fez com o RJ e RS, enviou uma
consulta ao TCU, quando todos já sabiam qual seria a resposta.
Robinson fora do jogo III
O governo Robinson Faria passou três anos do mandato
distante dos prefeitos e das necessidades básicas das prefeituras. Um bom
exemplo desse distanciamento, pode ser exemplificado pelo vizinho município de
Tibau. Conversando nesta semana com a segunda maior força política daquele
município, ela afirmou que o governador Robinson Faria ignorou a existência do
município ao ponto de, em nenhum momento, ajudar ao prefeito Josinaldo Marcos
(PSD), “Naldinho”. Não conseguiu reconhecer a importância de Tibau para a
integração turística da Costa Branca com o vizinho estado do Ceará. Ignorou que
Tibau encontra-se a menos de 50 Km em linha reta da segunda mais badalada praia
do litoral cearense, a praia de Canoa Quebrada.
Robinson fora do jogo IV
Quando o assunto é Costa Branca, jamais a sua população
vai perdoar um Governo que deu as costas para o desenvolvimento sustentável
dessa microrregião. Como justificar que se inicia um Governo com 500 milhões de
dólares de um empréstimo junto ao Banco Mundial e não se programa para investir
10% desse montante na construção da ponte que liga o município de Grossos a
Areia Branca.
Todos os representantes políticos da Costa Branca sabem
da importância para o turismo regional desse equipamento. Basta dizer que todos
os visitantes da rota sol nascente, o trecho que vai de Fortaleza em direção a
leste até a divisa com o Estado do Rio Grande do Norte com um pouco mais de
200km, teriam condições de infraestrutura para conhecer as belas praias de
Areia Branca e Porto do Mangue.
Robinson fora do jogo V
Em nenhum momento a equipe de infraestrutura do governo
Robinson Faria se preocupou com a vida do cidadão que é ceifada por acidentes
na BR 304. Poderia, por exemplo, ter se articulado com o Departamento Nacional
de Estradas e Rodagens (DNIT) e criado alguns trechos de terceira via nas
localizações onde é difícil a ultrapassagem, como antes dos municípios de
Angicos, Caiçara do Rio dos Ventos e Riachuelo. Reconhecemos que não havia
espaço de recursos para o projeto de duplicação da BR 304, mas esses trechos de
terceira via, com poucos recursos, já melhoria muito o tráfego daquela rodovia,
pois é intenso o fluxo de caminhões pesados durante toda a semana.
Robinson Faria VI
A construção de trechos de terceira via ao longo da BR
304 criaria uma alternativa de projeto à duplicação. O governo do RN poderia
ter, pelo menos, encomendado e colocado no PAC II o projeto de ligação da BR
406 (que liga Natal a Macau e que é a via mais adequada para o desenvolvimento
da Costa Branca) com a BR 304. Este projeto, juntamente com a ponte Areia
Branca – Grossos reduziria à metade o fluxo da BR 304 e desenvolveria toda
aquela região de Macau, além de facilitar por demais o acesso ao Aeroporto de
São Gonçalo para toda a população da Costa Branca e para o turista que chega à
Fortaleza e que teria a oportunidade de conhecer 600 km de litoral e ter acesso
fácil a outro aeroporto moderno.
A ligação da BR 406 com a BR 304 tornava sem necessidade
a construção da Estrada da Castanha, recém-anunciada pelo governo Robinson
Faria e que não leva a lugar nenhum. Após a construção da Estrada da Castanha,
os municípios de Areia Branca, Serra do Mel e Carnaubais continuarão isolados
do resto do RN e do resto do mundo.
Só vai lá quem tem um negócio muito grande para resolver.
Outro aspecto fundamental dessa ligação seria a facilidade de escoamento do
sal, pois o município de Macau possui grandes salinas produtoras e exportadoras
de sal.
Robinson fora do jogo VII
Na semana passada já mostramos um bom exemplo do
distanciamento do governo Robinson Faria com os setores produtivos da indústria
do calcário e da agricultura irrigada (veja AQUI). Vamos colocar mais um.
Após três anos de gestão, o DER resolveu reiniciar a construção da Estrada do
Melão, iniciada no governo de Wilma de Faria, que à época elaborou o projeto e
conseguiu construir 22 km ligando a RN 013 (Mossoró – Tibau) à BR 304, à altura
das comunidades da Maisa.
O setor produtivo da agricultura irrigada esperou 7 anos,
mas agora, as notícias que circulam na região apontam que a atual licitação da
Estrada só contemplaria quatro quilômetros de um total de 52 Km (ligando a BR
304 com a BR 427, passando pela sede do município de Baraúna). Isto é muito
pouco para dois mandatos de governo estadual, pois o vizinho Ceará, mesmo
contraindo empréstimos, conseguiu apoiar nos 10 anos o setor produtivo da
Chapada do Apodi com mais de 300 km de estrada. Ou seja, mais de 10 vezes o que
o RN conseguiu.
Assim, não precisa ser um estrategista político para
perceber que Robinson Faria está fora do jogo e que está fazendo uma gestão
míope no tocante à qualidade dos serviços públicos e quando se pensa no
desenvolvimento sustentável do Estado.
Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da
Universidade do Estado do RN.
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